A OIV (Organisation Internationale de la Vigne et du Vin) é uma organização intergovernamental de natureza científica e técnica, de competência reconhecida nos domínios da videira, vinho, bebidas à base de vinho, uvas de mesa, uva passa e outros produtos da vinha.

A OIV lançou no seu site na semana passada um interessante trabalho, que merece ser conhecido: “Distribution of the world’s grapevine varieties”/ “Distribution variétale du vignoble dans le monde”. O texto disponível em inglês e francês abrange tanto a uva para vinho, como para mesa, uva passa ou outra destinação, abordando cerca de 75% dos vinhedos do mundo. Mostra também as tendências de cada variedade do ano 2000 para cá.

O exame dos números traz uma série de informações básicas, como que dentre as dez mil variedades de uva conhecidas do mundo, 13 cobrem mais de um terço da área vitivinícola mundial, ou que 33 delas cobrem 50% da terra vitivinícola.

Com 365 mil ha, a variedade de uva de mesa Kyoho é a mais plantada. Cruzamento de vinifera (Ishiharawase) com labruscana (Centennial), ela foi difundida no Japão nos anos 50, mas hoje a China é responsável por mais de 90% de sua produção.

A seguir vem a Cabernet Sauvignon, em 341 mil ha. Junto com a Syrah, Merlot e Chardonnay, em ordem crescente, é das variedades plantadas em maior número de países.

São analizados os 15 países com maior extensão de vinhedos. Primeiro, Espanha, com 974 mil ha, onde a Airen lidera, mas está perdendo espaço para a Tempranillo, que vem a seguir. O segundo país em área vitivinícola é a China, tendo as uvas Kyoho e Red Globe a participação de mais de 60% do total.

O Brasil está na 14ª posição, com os 13 mil ha de Isabella liderando a área plantada. A Cabernet Sauvignon, a primeira vinífera do ranking no país, está em décima posição, com mil ha.

Interessante é a atenção que o trabalho dá à diversificação de variedades, onde a Romênia (principalmente), Itália, Grécia, Hungria e Portugal tem vinhedos mais pulverizados quanto às variedades, muitas delas locais, nenhuma chegando a 10% da área total.

O site da OIV também disponibiliza a tabela que serviu para alimentar o relatório, detalhando numericamente as superfícies ocupadas pelas variedades em 2015 e os países que as cultivam. Curioso verificar nela que para o Brasil a família da Moscato está representada pela Muscat Blanc à Petits Grains (531 ha), pela híbrida Moscato Embrapa (475 ha), mas nada de Moscato Giallo, que tem dado excelentes brancos em nosso país!